Aliança vistosa

Se você entregar uma aliança a seu par, que seja o brilho de seus sentimentos verdadeiros. Por que se for um ato apenas de amostragem, o efeito pode ser devastador.


                    Conto: Aliança vistosa





Doni é o que se pode considerar um sujeito comum como milhares de brasileiros.  Ele mesmo se considera um cara meio sem muito tchan. 

Feio, sem grande charme, sem namorada e dando um duro danado pra sobreviver com sua moto, trabalhando o dia todo e todos os dias da semana.

Quer dizer nem todos, o fim de semana pelo menos tirava pra tentar a sorte. Ficar à toda, passear.

E tentar a sorte até que tentava mesmo, estava sempre ligado naqueles aplicativos de encontros e namoros, nada sério, tipo uma pescaria mesmo.

Naquele sábado, pouco depois de uma da tarde estava caminhando sem muita pretensão, talvez resolvesse parar numa lanchonete, ou encontrar alguém pra conversar.

Mas aí o improviso, dá um sinal, um toque que se referia ao aplicativo, aquele:  Helô, uma jovem de cabelos lisos, queria contato.

Mais que depressa Doni dá sinal de vida, oi linda, td bem?
Helô: vc tá a fim de se divertir hoje?
Doni: to sim.
Helô: vc tá onde?
Doni: na zona sul e vc?
Helô: na leste, qto tempo vc acha que leva pra chegar aki?

Caramba era início de tarde, de um sábado nem poderia imaginar um encontro a essa hora, assim de repente, teria que voltar pra casa, se arrumar. Pensou rápido.

Doni: na leste onde?
Helô: Tatuapé.
Doni: umas duas horas mais ou menos.
Helô: To te esperando. Vc vem como?
Doni: de moto.
Helô: então deixa no shopping aki, e me avise.
Doni: Já to me arrumando.

E foi uma correria, pra tudo dar certo, de repente seria seu dia de sorte.  

Já estava no banho pensando que roupa iria vestir, e não tinha muito tempo, não iria deixar passar uma oportunidade dessas.

Ligeiro como quem sabe muito bem, que pra um cara de poucos atributos, uma chance dessas tinha que ser abraçada por inteiro!

E em questão de pouco menos de duas horas, estacionava sua moto no shopping, conforme combinado, e enviou nova mensagem:
Doni: Já cheguei.
Helô: então me aguarde no ponto de táxi no lado externo.

Doni se dirigiu para lá, e aguardou poucos instantes, até que avistou um belo veículo branco, desse grandes, tipo a suv, poderia ser uma dessas super marcas que ele nem estava habituado.

Dois sinais de faróis foram o suficiente e ele se aproximou. Vidros escuros, e do lado da motorista, baixou só um pouco e Doni pôde ver a gata que era Helô:

- Entra logo.  

E então deu a volta e assentou-se. Bela visão, ela estava de mini saia com suas pernas lisas bem cuidadas. 

Chamou a atenção a aliança, daquelas grossas, bem vistosa, na mão esquerda de Helô, mas as pernas chamavam mais atenção ainda e Doni não resistiu.

Colocou a mão sobre as pernas dela acariciando, e ela deu-lhe um beijo no rosto, bem perto da orelha, e perguntou: Tá mesmo a fim de se divertir?

- Na hora, to sim.

- Então vou te levar pra um lugar bem legal.

Acionou o carrão e saíram. Em poucos instantes entravam num motel de luxo, muito incrementado.

Ao entrar no estacionamento, o motor foi desligado, a garagem se fechou. E o abraço foi bem retribuído, com caricias, beijos e tudo mais.

Mas Helô se mostrava muito decidida e no controle: Vamos subir, quero me divertir muito.

Desceram do carro, e ela pegou na mão de Doni e o puxou para o quarto muito requintado, mas nem deu tempo  de olhar pra nada.

Carícias, e mais carícias, entregaram-se plenamente ao amor. Perderam a noção do tempo.

Já mais saciados, Doni se mostrava fascinado por aquela conquista, ela o olhou com um leve sorriso, e logo apalpou o celular. 

- Você vai me passar seu número?

Helô, respondeu prontamente: não mesmo. Isto fica por aqui.

- Não faz isso gata, quero muito pode te rever.

- Eu não sou assim, sou casada e nunca fiz isso antes.

Aí Doni se espantou, não esperava essa resposta, ainda que aquela aliança vistosa havia lhe chamado a atenção desde que a avistou na primeira olhada.

E Helô prosseguiu, apanhando seu aparelho, mostrou a foto: - Tá vendo esse aqui? é meu marido.  E essas duas aqui, aquela da esquerda foi a que teve um caso com esse sacana.

Aí a coisa começou a se esclarecer. E Helô ainda foi mais adiante.

Nunca havia feito uma coisa dessas, mas foi o jeito que ela achou de dar o troco, e tinha mais ainda:

- Faço questão de pagar tudo com o cartão daquele fdp.
Vamos pedir um almoço completo, com tudo que tem de melhor. 

E assim seguiu aquele sabadão de muita sorte, para o Doni, que não esperava tanto, mas bem que queria mais umas bicadas.  

Entre o pedido e a vinda da refeição, aproveitou um pouco mais do tempo para mais algumas caricias.

Naquela tarde o brilho reluzente da vistosa aliança, refletiu uma imagem diferente, talvez a mesma do sentimento que envolvia aquela união. De aparência.





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