Árvores que plantamos


                                      
O Grupo Escolar *Capela do Socorro, localizado na zona sul de São Paulo, sempre foi uma escola com instalações amplas, principalmente na parte externa. Havia um amplo páteo onde os alunos lanchavam, corriam, jogavam bolinhas de gude, no intervalo.  

            Árvores que plantamos
            Por: Roberto Zaghini





Além do páteo uma área cimentada externa em volta da cobertura que os alunos podiam ocupar. Além de bolinhas de gude, brincavam de rodar peão. As meninas pulavam corda, amarelinha..

Numa outra área que fazia divisa com a mata ao lado do rio Pinheiros, exite uma ampla área verde. Nesta área os alunos não podiam circular.

Nos primeiros anos de escola, creio que entre 1965, 1967.. no curso primário, havia um dia em especial em que os estudantes eram levados em companhia dos professores até esta área gramada, próximo das bandeiras hasteadas, do Brasil e de São Paulo.

Todos cantavam o hino nacional, creio que também o hino à bandeira, e depois os estudantes e professores participavam do plantio de sementes de árvores. Lembro que se cavavam pequenos buracos e nós é que jogávamos as sementes.

Já se passaram uns 48 anos destas memórias.. Pude ver o resultado, creio que outros colegas também viram. Árvores imensas, buscando o céu com folhas balançando na copa, e pássaros às centenas se abrigando.

Essas árvores, penso, devem abrigar os sonhos de todos aqueles estudantes, meninos e meninas.  Raios de sol, a chuva, alimentaram esse crescimento.

As folhas sêcas que caíram durante todo esse tempo deviam representar, quem sabe, desilusões, sonhos que não aconteceram e que frustraram trechos dessa caminhada.

Achei que não serviam pra nada. Folhas secas lançadas ao chão. E pra que haveriam de servir? Experiências?
Acho que pra nada mesmo, ou serviam pra alguma coisa? 

Lembrei do poeta, Pedro Nava, já em outro mundo, dizendo numa entrevista:  Experiência é como um carro com faróis acesos e virado pra trás..

Ou ainda como aquela tirinha publicada no jornal, onde o personagem dizia: Experiência é tudo aquilo que se consegue quando não se alcança o que quer..

Mas olhando bem para aquelas árvores tão imensas, de repente observei: Essas árvores estão fortes, altas, muito altas. Elas adquiriram seus nutrientes da terra. 

Aquelas folhas secas que caíram durante muito tempo, também nutriram a terra que por sua vez retribuiu e alimentou as árvores, fortalecendo seu crescimento para o alto.

Pode ser, não estou certo, que as folhas secas que caíram durante a vida, a vida de cada um, nutriram a árvore, a nossa vida, elevando cada vez mais para o alto.

Olhando agora, para o topo na copa das árvores, dentro do saudoso G.E. Capela do Socorro, parece que estão todos lá, representados. Não exatamente como super heróis que venceram tudo.

Mas como aqueles meninos e meninas, que cresceram, com os nutrientes da terra.

*Hoje essa escola está no mesmo local, mas mudou de nome desde meados dos anos 70, e se chama EMEF (Escola Municipal de Ensino Fundamental) Professor Almeida Junior.



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