Um corvo não leva desaforo pra casa
Depois de tantos
encontros e desencontros, numa manhã com ventos mais fortes, lembrei daquele
dragão. O mesmo que num acaso quase me torrou com uma baforada de fogo.
Ah se o vejo de frente novamente, acerto ele direitinho. Aí
pensei, e por que não?
Conto: Um corvo nunca leva desaforo pra casa
Olhando assim para o meu tamanho e comparando com o dragão,
poderiam pensar que eu estava ficando louco.
Mas quem é que consegue medir o tamanho da inteligência, e principalmente do desejo de vingança de quem foi desaforado?
Mas quem é que consegue medir o tamanho da inteligência, e principalmente do desejo de vingança de quem foi desaforado?
Assim com esse pensamento na idéia, alcei vôo bem alto,
semelhante à rota que havia feito naquele dia em que fui parar no castelo de um
certo reino, com sapo, princesa, dragão
e tudo mais.
Pensando na dignidade dos corvos, voei até a mesma altura e
local que havia voado naquele dia.
Aceitei o
desafio de voar sobre terras desconhecidas, e assim de repente avistei uma parede muito alta.
Entendi prontamente que deveria ser a torre do castelo. Lá
em baixo aquele sapo pulando feito tonto, até imagino, deveria estar louco pra
que eu o ajudasse a libertar a princesa etc. e tal.
Mas eu já tinha traçado meu roteiro, queria descontar aquela
baforada do dragão.. Aí se a princesa
soubesse aproveitar o momento, era com ela mesma. Ou então estaria gostando do
dragão, vai Saber..
Passei pela janela da torre duas vezes, observei que o
ambiente estava calmo. Não pensei duas vezes.
Entrei pela janela e fui direto até a testa do dragão, biquei com tudo
em seu olho direito.
Aí começou a movimentação.
Era gritaria pra lá, fogo pra cá, mas ele tinha uma enorme desvantagem com seu
tamanho; Faltava mobilidade necessária pra me alcançar… Foi o que eu pensei.
Agora com um olho só, o dragão lançava chamas e tentava se virar. Eu como um corvo esperto e preparado para
esta situação, voava em torno de sua cabeça.
O dragão tentava acertar com o rabo, mas ia arrebentando
partes da parede..
Graaaaak
graaaaak graaaaaak.. tradução: Fica esperta princesa, vai sobrar
uma brecha pra você nesta história..
Foi aí que dei uma nova bicada, desta vez no olho esquerdo.
Então as duas pálpebras se fecharam e ele ficou momentaneamente cego,
virando-se pra todo lado e arrebentando paredes e até o teto.
Tinha que voar a todo instante e às vezes emitia meu
grito: graaaaak graaaakk
graaaaaakk graaaaaak . Tradução:
Hei trouxa estou aqui..
Nessas alturas o dragão se guiava pelo som, onde me ouvia
lançava sua baforada de fogo.
Assim, voei e gritei no seu traseiro, onde começava a
calda, e pimba, Lá veio a baforada .. deve ter arrancado fora.
Voei mais próximo de sua pata, primeiro a direita, depois a
esquerda, e pimba lá vieram outras baforadas..
Bastante ferido e se movimentando pra todo lado, o dragão
começou a dar sinais de que sua chama de fogo não era mais a mesma.
A porta daquela sala, no alto da torre estava
toda arrebentada, a janela também. Não
vi mais a princesa, deveria ter saído enquanto eu lidava com o dragão.
Diante daquela situação, achei que já bastava. Havia dado
uma lição naquela peste.
Voei rapidamente na direção daquele enorme rombo, onde
antes era uma janela e num instante me vi livre daquele castelo.
Voei, voei, voei o mais distante que pude, como havia feito
na vez anterior.
Mas desta vez, com um ar de vitória, de quem enfrentou e
venceu o dragão. Nem olhei pra trás, como
faz aquele que trilha sua trajetória vitoriosa.
Meu objetivo foi alcançado, e voava em busca de terras
conhecidas, onde haviam aquelas gralhas maravilhosas... Graaaaak
graaaaak graaaaak.. tradução: Hei
gostosa ta me ouvindo? To chegando na área...
Um dia desses quem sabe volto naquele lugar pra ver o que aconteceu.
Quem
sabe a princesa conseguiu escapar, o sapo pode ter virado príncipe... e alterado de vez a história daquele quadrinho..
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