Ciclo viagem a Salesópolis

     Logo na entrada da estação santa Cruz do metrô a quantidade de passageiros transitando no sentido oposto, era muito grande, e ainda com aquelas paisagens na mente, avançava rumo as catracas. 

  Uma viagem começa com uma ideia, uns dias para convidar os ciclistas, aprimorar, e não é que chega mesmo o dia?

Foi assim que essa ideia de viajar de bike rumo a Salesópolis finalmente se concretizou. 

A ciclo viagem envolveu Anderson, Andrea, Jhony Be Good, eu Roberto, que vieram pedalando do lado do Grajaú, pela marginal do Pinheiros, e encontraram na altura da estação morumbi, nossos amigos que pedalaram desde a região do Jabaquara: Santana, Johny, Bruno, Iza, Naldo, Kaique.

Estávamos finalmente em onze ciclistas e pedalamos em direção à estação da Luz.


Nem eram 7 da manhã, a temperatura ainda fria e úmida, ia provando nossa resistência inicial. Vencemos a subida da nove de julho, rumo ao túnel e atravessamos a cidade.

A velha e simbólica estação da Luz. Pequena pausa para algumas fotos, e fomos direto à bilheteria.

O sol já despontava começando a esquentar um pouco. No trajeto até Mogi das Cruzes, fomos conversando e começando a nos conhecer melhor. Alguns amigos estavam pela primeira vez na mesma aventura.

E aventura sempre cabe mais um, e não é que o pessoal fez amizade com um ciclista, super gente fina, o Santana da Penha.

O cara conhecia a região onde pretendíamos ir, e deu uma dica e tanto, um trajeto que poderia ser feito em terra até Biritiba.

A galera do Jabaquara faltou pular de alegria, principalmente Santana, Naldo, Johny, Kaique, Iza, esses caras tem loucura por trilha de terra, eu mesmo já fotografei as bikes deles lá em Paranapiacaba com barro até no pensamento.


Assim que chegamos na estação Estudantes, começamos nosso pedal, e o ciclista Santana, nosso novo amigo da Penha, fez companhia e se juntou a nós, apesar de ter um outro plano para sua aventura.

Fez questão de indicar o trajeto e foi à frente. 
Assim não teria como errar, ele avisou que haviam várias saídas e que poderiam nos confundir.

Agora pensa num sujeito solidário e gente fina. Fez questão de ir com o grupo pela estrada de terra até cerca de dez quilômetros, quando chegamos a um vilarejo.

Tiramos foto na frente da igreja, e dali em diante de acordo com nosso novo amigo, não tinha o que errar, era só seguir em frente.




























O amigo retornou para o rumo de sua viagem e seguimos em frente na direção de Biritiba.

Buraqueira, paisagem verde em toda parte, realmente uma aventura e tanto, as bikes pulavam entrando e saindo de buracos, vencemos subidas acentuadas e descidas malucas. 

Paisagem do campo, propriedades rurais, gado, pássaros, ar do campo que enchia de terra e alegria os ciclo aventureiros. 

Eram mais de onze horas quando chegamos em Biritiba. Paramos num bar pra descansar um pouco. Mais um instante pra conversar tomar um energético, água, sentar numa cadeira e contemplar uma cidade que pra nós de São Paulo é de encher os olhos.

Como precisamos de paisagem mais natural, uma carência que cada um de nós traz em si.

Quase meio dia, e tínhamos mais de 25 km aproximadamente pela frente, até Salesópolis.



Desta vez fomos pela rodovia. Apesar da proximidade dos veículos passando perto a todo instante, me pareceu bem melhor pra pedalar. Quer dizer minha impressão, nossos amigos não concordariam com isso.

Sempre que havia possibilidade seguíamos pelo acostamento. A estrada tinha muitas subidas, segundo Johny Be Good mais de dez. 

E que subidas, ali deixávamos todo nosso empenho, nosso esforço e a vontade de vencer e chegar no objetivo.

Foram mais de duas horas de pedal insistente. 
Posso dizer que com a presença de Bruno e Iza, dois corredores, acostumados a competições de dez quilômetros, e que tem bom preparo, tinha mais uma razão pra justificar por que ficava pra traz vários trechos. 

Mas os tinha na visão, e nem me importava, sabia  que  chegaria também. 

Teve um trecho, acho que dos mais belos do trajeto, onde se avistava uma represa, e parte do pessoal resolveu parar e adivinhem, pular na água de roupa e tudo.

Foram nessa, Naldo, Bruno e Kaique e o guerreiro Santana não perdeu a chance de filmar, esses malucos se esbaldaram. 

O sol já estava bem forte, e não seria problema secar.
Faltavam ainda alguns quilômetros adiante, uns cinco talvez.

Quando avistamos as letras de concreto pintadas em branco Salesópolis, nascente do Tietê... fomos que nem abelha na direção da colmeia. 




Nesse momento todos se juntaram, e mais uma vez Santana fez a foto, acho que a mais marcante que mostrou todos do pedal.

Menos o próprio, mas nós vamos achar as suas também e te apresentar.. pode deixar.

Seguimos mais adiante e fomos em busca de um bom lugar pra almoçar. Chegamos ao restaurante Nha Luz, tivemos que avançar mais uns três quilômetros.

Muito bom lugar, mas a comida apesar de excelente era um pouco cara pra nossas pretensões. Ainda teríamos a volta.

Nada que uma breve negociação não desse jeito. Esses ciclistas são bons nisso também. Fizemos um pacote, e contamos com a generosidade do gerente, e saiu por vinte mangos pra cada.

Nessa parte, tivemos uma divisão do grupo, cinco colegas resolveram retornar até ao centro de Salesópolis, em busca de outro lugar para almoçar.

Eram umas duas e meia da tarde e fiquei com os outros seis do Jabaquara, na Nha Luz, um restaurante que se parece com uma fazenda.

O almoço dos deuses, quando se encontra uma comida muito boa, se está com muita fome, e se sente merecedor do rango.

Bate papo, música, cansaço, fome, as coisas iam se misturando. Tentamos contato com Anderson que partira na direção do centro, mas que coisa, não havia sinal de celular.

Mais de três e meia da tarde, passando da hora de retornar. A pressa começou a bater.

Nada que em quinze minutos não nos colocasse novamente em cima das bikes para voltar.
Imaginem mais 44 quilometros, pra quem já tinha pedalado mais de 60, e logo depois do almoço.

Ainda ouvi o Santana dizer na estrada que sua bike parecia estar pesando uns 50 quilos à mais.  Não duvidei, porque a minha também parecia ter aumentado de peso.

A Iza, brava corredora, sentia os efeitos de pedalar tantas horas em cima do banco da bike. Não é fácil, ainda mais pra quem não está acostumado.

Depois de muitas subidas, no alto de um morro, paramos numa cobertura, de ponto de ônibus na estrada. Foi quando tentei contato com o outro grupo, e consegui falar com Anderson.

Ali tinha sinal. E os caras já estavam uns 18 quilômetros à nossa frente, ah danados.. nem esperaram...

Pelo relato faltavam uns 9 quilômetros para que chegassem a Mogi das Cruzes, onde tomariam o trem rumo à São Paulo na estação da Luz.

Pelo menos um alento: Depois de Biritiba, a estrada tem muitas retas. Ah que bom.

A tarde avançava, a temperatura começava esfriar. Não tinha o que fazer era pedalar e pedalar. 

Nessas horas o pedal é existencial, é tudo que temos pra garantir que podemos chegar, e vencendo o cansaço, pela persistência, vamos ganhando força e coragem.

E conseguimos, mesmo chegando já no escuro da noite, em Mogi das Cruzes.

Em alguns trechos ouvia a Iza reclamando da proximidade dos carros que passavam ao nosso lado, realmente não tinha acostamento em boa parte do trecho.  

Alguns motoristas não fazem ideia do que é estar exposto numa bicicleta e sentir o farol, depois o ruído de um carro passando muito próximo.

Estávamos todos cansados, um se inspirando no outro, e forçando pra seguir. A bike do Bruno apresentou um pequeno furo no pneu traseiro.

Fomos enchendo em algumas paradas, umas três na real, e nem precisou consertar.

No resumo chegamos na estação estudantes. 
Partimos rumo a estação da Luz. Alguns ciclistas que cruzamos no caminho estavam também no último vagão. Um deles, pedalou sobre um toquinho do pedal esquerdo que havia quebrado. Bravo guerreiro.

Outro colega havia pedalado só o dia todo até Salesópolis pela rodovia, e retornava para o Tucuruvi na zona norte. 
Um casal de ciclistas que avistamos na estrada, no trecho em que paramos pra descansar, também estava no mesmo vagão.

Todos tinham uma história pra contar, partindo de São Paulo tiveram o privilégio de ver paisagens inesquecíveis, o verde nas montanhas, água limpa, o sol reluzindo nas águas, no verde.. 

E no pedal sentindo o vento no rosto, ainda que queimando, ou sentindo frio, pudemos curtir uma bela viagem.

Ainda na segunda feira, quando avançava rumo as catracas da estação Santa Cruz na zona sul, não me importava com tanta gente no mesmo lugar.

É que uma aventura dessas, mesmo que fisicamente concluída, parece permanecer na mente transitando com a gente, nos passos, na cidade grande.

Um grande abraço a todos ciclistas que estiveram nessa aventura. Recomento a todos essa experiência.

Até uma próxima!










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